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Espaço generalista de informação e de reflexão livres. Na verdade, o politicamente incorreto afigura-se, muitas vezes, como a mais eficaz solução para se ser humana e eticamente LEAL! Desde 18.ago.2008. Ano XI.
Por José Manuel Alho
Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, foi eleito, no passado dia 13, como sucessor de Bento XVI, e será o 266.ºPapa da Igreja Católica. O primeiro Sumo Pontífice latino-americano, que se chamará Francisco como o santo dos pobres, terá – afiançam os vaticanistas - um perfil ortodoxo na doutrina e flexível nas questões sociais.
Numa apreciação necessariamente precoce, creio estarmos perante uma eleição geopolítica que derrota, sem apelo nem agravo, os membros da Cúria. Ganharam os reformistas e com eles grande parte dos não europeus, com os americanos a confirmarem a liderança de um ímpeto há muito anunciado.
"Não vou sucumbir à tentação de esquadrinhar o imperscrutável. Como católico, não esperava tanto deste conclave. A escolha do primeiro papa não europeu em quase 1 300 anos - o último foi São Gregório III (731-741), que era sírio – é uma novidade extraordinária.
A escolha do 13º cardeal mais cotado na bolsa de apostas de Londres antes do fim do conclave é de tal modo surpreendente que os arautos das mais rebuscadas teorias da conspiração se apressaram a concluir que os Illuminati haviam dado o tão prometido tiro de misericórdia na Igreja Católica ao elegerem um papa oriundo da Ordem (dos Jesuítas) que originou os Cavaleiros Templários. Será que a profecia de São Malaquias, que o último pontífice seria um papa negro, se confirmou pelo facto dos jesuítas usarem vestes escuras? Como interpretar a coexistência de dois Papas vivos na Cúria Romana? Um branco que, apesar da renúncia, ainda sustenta o título de Papa Emérito, e outro preto, eventual ponto de partida da derradeira ruína do catolicismo...
Não vou sucumbir à tentação de esquadrinhar o imperscrutável. Como católico, não esperava tanto deste conclave. A escolha do primeiro papa não europeu em quase 1 300 anos - o último foi São Gregório III (731-741), que era sírio – é uma novidade extraordinária. Confrontada com a brutal perda de credibilidade, que se soma à crescente perda de influência e de fiéis por todo o mundo, a Igreja Católica tenta acertar o passo com a sua ancestral vocação evangelizadora, mais tolerante ao diálogo inter-religioso. Mas, acima de tudo, falo do que senti quando aquele vulto obviamente humano se revelou na varanda da basílica de S. Pedro. Senti estar perante um rosto acolhedor, humilde, fraterno e gerador de esperança.
Mesmo que se venha a tratar de um Papa de transição, deseja-se que ajude os povos a retomarem os caminhos da esperança. Daquela força que ajuda a renovar o mundo apesar de todas as tribulações que afligem o ser humano em pleno século XXI. Porque ter esperança é, cada vez mais, saber olhar as pessoas na sua melhor luz, anseia-se que o Papa Francisco seja um aliado no combate contra o medo e a ignorância, com a serena coragem de quem faz a aritmética ao contrário para colocar as pessoas no centro de toda a ação.
José Manuel Alho
Por José Manuel Alho
Contrariando as mais ferozes críticas que acusavam o Presidente da República (PR) de um desaparecimento inusitado, eis que, em razão de uma árdua, exaustiva e porventura cansativa investigação, os serviços tutelados pelo mais alto magistrado da nação denunciam ao mundo que houve, em 2005 (!), um erro na publicação da Lei n.º 46/2005, de 29 de agosto, que estabelece "limites à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das Autarquias Locais”, com a troca de um “de” por um “da”.
Segundo consta, o texto divulgado no Diário da República não corresponde ao que foi aprovado pela Assembleia da República e promulgado pelo então presidente Jorge Sampaio.
Num primeiro momento, uma certa casta de ingénuos úteis e outros adiantados mentais terá pensado que não só se teria solucionado o maior e mais grave problema que Portugal enfrenta(va) como se terá salvo do risco de extinção um espécie ameaçada: os dinossauros do poder local.
"Num primeiro momento, uma certa casta de ingénuos úteis e outros adiantados mentais terá pensado que não só se teria solucionado o maior e mais grave problema que Portugal enfrenta(va) como se terá salvo do risco de extinção um espécie ameaçada: os dinossauros do poder local.
Infelizmente, o impagável Ministro das Finanças precipitou-se e anunciou também ele que se enganara novamente nas suas previsões. No auge desta disputa sem quartel pela atenção dos media entre renomadas referências da nossa política, esclareceu-se afinal que Presidente "de" câmara pode ser lido como uma referência à função - e um impedimento a candidatar-se a qualquer câmara. Presidente "da" câmara pode entender-se como uma referência apenas àquela câmara específica - o que permitirá que os autarcas que já fizeram três mandatos se apresentem numa câmara diferente. O significado da troca de uma preposição na referida Lei representará um trunfo para os candidatos - curiosamente oriundos da mesma área político-partidária do PR - Fernando Seara, em Lisboa, e Luís Filipe Menezes, no Porto.
E foi assim que o tuga da rua se deu a perguntar-se como é que o Senhor Presidente da República sabia exatamente onde procurar a gralha? Terá sido por iniciativa do próprio, de algum assessor ou de alguém (quem?...) que lhe terá implorado tão esmerada averiguação?
Por já ter abordado assunto, mantenho que, independentemente de ser "da" ou "de", a legislação deverá ser interpretada à luz do princípio da renovação da classe política consagrado na Constituição.
Apesar do custo que poderá significar para a coletividade a mudança de uma vogal, não deixa de ser frustrante constatar-se que um qualquer PR recorra a estas provas de vida para se fazer notar. Ao contrário: seria expectável que usasse o seu propalado conhecimento e experiência em favor da reabilitação financeira e económica do país. Assim, instalar-se-á a dúvida: contamos com um Presidente “da”República ou com um presidente “de” república?
José Manuel Alho